Pesquisadora Júnior analisa o aplicativo Hellotalk à luz das estratégias de aprendizagem de línguas
Abgail Nogueira
Estudante do curso de Engenharia de Produção pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).
Técnica em Portos certificada pelo Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA).
No cenário globalizado atual, dominar uma segunda língua não é apenas um diferencial, mas uma habilidade indispensável. Afinal, a capacidade de se comunicar em múltiplos idiomas amplia os horizontes culturais e sociais e oferece uma série de vantagens práticas em diversas esferas da vida.
A inovação tecnológica proporcionou o surgimento de novas estratégias de aprendizado de línguas, a exemplo de aplicativos de celular. Essas plataformas proporcionam flexibilidade e conveniência para quem quer aprender, permitindo que os usuários estudem no seu próprio ritmo e em qualquer lugar. Além disso, os aplicativos geralmente oferecem uma variedade de recursos interativos, como exercícios de vocabulário e jogos, para cada nível de proficiência, por meio de um sistema em que o usuário pode observar o seu progresso, motivando-o a continuar aprendendo.
O trabalho científico de uma estudante de ensino médio do Instituto Estadual do Maranhão (IEMA) forneceu dados importantes sobre a eficácia de um desses aplicativos em estudantes maranhenses. Na pesquisa “Teoria da Complexidade na escola: análise de estratégias de aprendizagem no Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão UP Itaqui Bacanga”, a estudante Abgail dos Santos Nogueira analisou a relação do usuário com o popular aplicativo educativo HelloTalk e conquistou o Prêmio FAPEMA 2023.
Com sua comunidade virtual diversificada de pessoas de diferentes culturas, o HelloTalk oferece uma experiência de imersão linguística única, em que os usuários podem praticar conversação, trocar mensagens de texto, áudio e realizar chamadas de voz e vídeo com falantes nativos do idioma que estão aprendendo. Além disso, o aplicativo também oferece recursos como correção de textos, tradução e transliteração, tornando-o uma ferramenta abrangente para aprimorar habilidades linguísticas.
O interesse de Abgail surgiu a partir de uma proposta de pesquisa em interface com extensão submetida à FAPEMA em 2018 com o objetivo de analisar a forma que o usuário utiliza a ferramenta de chat do aplicativo como instrumento de aprendizagem. Como acontece em muitas pesquisas, o enfoque e o corpus do trabalho foram sendo definidos à medida que a estudante aprendeu mais sobre o tema. “A partir de conversas informais com os aprendizes do IEMA UP Bacanga, percebemos relatos sobre as estratégias que eles utilizavam na aprendizagem de línguas, notamos também graus de autonomia por parte deles, uma vez que os aprendentes buscavam diferentes recursos para influenciar suas próprias aprendizagens. Nesse sentido, percebemos a necessidade de realizar uma pesquisa sobre o tema, a fim de analisarmos, de modo científico, quais estratégias são aplicadas pelos aprendentes de língua adicional”, explica Abgail.
O grau de independência do aprendiz no processo, além das particularidades do Hellotalk, motivou Abgail a utilizar os estudos acerca das Estratégias de Aprendizagem de Línguas como arcabouço teórico norteador de sua análise.
Tais estratégias começaram a ser elaboradas na década de 70 e visam aprimorar a eficácia do aprendizado de idiomas, destacando abordagens como autonomia, socialização, uso de estratégias cognitivas e metacognitivas, prática regular e exposição contínua à língua alvo. Essas técnicas, destinadas a promover um aprendizado mais envolvente e gratificante, incentivam os estudantes a assumirem responsabilidade por seu próprio progresso, interagirem com falantes nativos, aplicarem métodos cognitivos para facilitar a memorização e refletirem sobre seus processos de aprendizagem.
Com a definição do objeto de estudo e do referencial teórico, a estudante adotou uma abordagem qualitativa, através de um questionário via google forms encaminhado a estudantes de espanhol do segundo ano do ensino médio. No âmbito das estratégias de memória, a pesquisadora identificou uma variedade de subgrupos que os aprendizes utilizam de forma significativa, como a criação de ligações mentais. Ou seja, os estudantes associavam novas informações a conceitos familiares ou experiências pessoais, facilitando a retenção e a recuperação da informação.
Outra forma utilizada foi a visualização de imagens vívidas ou a associação com sons para fortalecer a memória de palavras ou conceitos, além da prática regular e da repetição espaçada para consolidar o aprendizado ao longo do tempo, bem como a participação ativa para reforçar a memorização e a compreensão.
Essas estratégias de memória são fundamentais no aprendizado de idiomas, pois auxiliam os estudantes a superar os desafios de memorização e a melhorar sua capacidade de recordar e aplicar o que aprenderam de forma eficaz.
Já as estratégias cognitivas são um conjunto de métodos mentais aplicados pelo aprendiz. A pesquisa evidenciou que as mais prevalentes foram aquelas ligadas ao raciocínio lógico e na comparação de aspectos linguísticos entre a língua nativa e o novo idioma. Outras estratégias desse subgrupo foram utilizadas em menor escala, como a de prática espontânea e a de anotar e resumir informações importantes para facilitar a compreensão.
Os resultados da pesquisa evidenciaram que os estudantes do IEMA UP Itaqui-Bacanga demonstraram uma apropriação significativa de diversas técnicas descritas como Estratégias de Aprendizagem de Línguas. Além disso, o estudo aponta para uma sintonia entre a adoção de novas tecnologias, como o aplicativo HelloTalk, e a implementação de metodologias pedagógicas modernas, como as estratégias de aprendizagem de idiomas propostas por Oxford. A integração dessas ferramentas tecnológicas, com abordagens educacionais inovadoras, reforça a importância de adaptar os métodos de ensino às demandas contemporâneas, promovendo, assim, um ambiente de aprendizado mais dinâmico e eficaz para os estudantes.