Revista Inovação FAPEMA

Trabalho contribui para autossustentabilidade da ovinocaprinocultura maranhense

Karla Lilian Rodrigues Batista

Mestre em Ciência Animal com graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É doutoranda em Biotecnologia pelo Programa de Pós-Graduação BIONORTE. Tem experiência na área de Bioquímica, com ênfase em purificação, caracterização e atividade biológica de proteínas. 

As doenças parasitárias são um dos principais entraves para que a ovinocaprinocultura maranhense se torne autossustentável e comercialmente viável. Os nematóides gastrintestinais são de maior importância por acarretarem inúmeros prejuízos econômicos. O combate eficiente das parasitoses vem se tornando um desafio, tendo em vista que o controle efetivo dos parasitas é desfavorecido pelo fenômeno da resistência aos produtos químicos sintéticos comumente utilizados. 

Estudo realizado pela pesquisadora Karla Lílian Rodrigues Batista, ganhadora do Prêmio FAPEMA Terezinha Rêgo – 2019, na categoria Dissertação de Mestrado – área Ciência Agrárias, relata as relações estrutura-função da atividade anti-helmíntica de uma proteína extraída de planta. O trabalho, que contou com a orientação da professora doutora, Claudener Souza Teixeira, busca colaborar como base referencial para futuras pesquisas, sendo necessário caracterizar a nível molecular os mecanismos da interação entre essas moléculas. Ele sugere um estudo para o uso dessa molécula como uma promissora ferramenta biotecnológica no controle de H. contortus no estado do Maranhão.

O trabalho, financiado por meio do Edital Universal nº 17/2017 da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), é o primeiro no estado a relatar as relações estrutura-função da atividade anti-helmíntica de uma proteína extraída de plantas. Os estudos revelaram que a lectina C. brasiliensis (ConBr) inibe o desenvolvimento de H. contortus in vitro, que é uma espécie de nematódeo parasita de ruminantes. “Nossos achados sugerem que a inibição do desenvolvimento larval de H. contortus está diretamente relacionada ao reconhecimento do núcleo trimanosídeo presente nos glicanos desses parasitas”, conta Karla Batista.

O Haemonchus contortus é um dos parasitas economicamente mais importantes que infectam pequenos ruminantes em todo o estado do Maranhão. “Este nematóide tem mostrado grande capacidade de desenvolver mecanismos de resistência a drogas anti-helmínticas, exigindo o desenvolvimento de abordagens alternativas de controle”, explica a pesquisadora. “Como as lectinas reconhecem e se ligam a carboidratos específicos e estruturas de glicano presentes nos parasitas, elas podem ser consideradas como uma alternativa para o desenvolvimento de novas drogas antiparasitárias”, complementa.

Karla Batista destaca que os dados obtidos a partir do estudo são importantes no que diz respeito à preparação de proteínas recombinantes capazes de interagir com N-glicanos de H. contortus. “O estudo permitiu verificar que a lectina C. brasiliensis (ConBr) inibe o desenvolvimento de H. contortus in vitro, o que é muito promissor”, relata. “Além disso, esses dados são importantes no que diz respeito à preparação de proteínas recombinantes que possam interagir com N-glicanos de H. contortus”, prossegue. “Isso pode ser feito a partir de espécies de plantas do estado do Maranhão para serem utilizadas como drogas eficazes no combate ao desenvolvimento de H. contortus em caprino e ovinos”, finaliza Karla Batista.

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